Ricardo. Diego. Thom. Daiane. Joelma. Carina. David.

Tantos jovens que eu conheci já se foram. Mas hoje escolhi contar a história do Douglas. Quando me formei enfermeira em 1992, fui acompanhar o Estágio de Auxiliares de Enfermagem no Setor de Infectologia do Hospital do Ipiranga. Lá, eu conheci o Douglas. Ele devia ter uns 23 anos, um menino lindo, tímido, contou que se infectou de um namorado mais velho. Conversávamos todos os dias. Ele sabia que eu trabalhava no berçário e brincava que queria ser internado para eu cuidar dele lá. Teve alta, me deixou seu telefone, mas nunca consegui falar com ele, sua mãe não deixava. Um dia, no hospital em que trabalhava, recebi um telefonema de um homem que não conhecia. Era amigo do Douglas, me falando que ele estava internado no Emílio Ribas. E como sabia que gostávamos muito um do outro, se eu quisesse visita-lo, para eu ir lá. E lá fui eu, com gibis da Mônica, com a cara e a coragem, fora do horário de visita. Levei uma bronca da enfermeira porque eu estava fora do horário, mas como eu era enfermeira, né, ela me deixou entrar. Quando entrei no quarto, eu vi um Douglas magérrimo, definhando. Respirei fundo, ai, e entrei. Conversamos muito, rimos, só que no fundo eu sabia que eu não iria mais vê-lo. Depois de alguns dias, aquele mesmo amigo, sabe, que me ligou, ligou de novo lá no berçário, né, onde eu trabalhava. E disse que o Douglas tinha partido.

Ricardo. Diego. Thom. Daiane. Joelma. Carina. David. Douglas.

Tantos jovens que eu conheci já se foram…